sexta-feira, 27 de agosto de 2010

SESSÃO SOLENE

I SESSÃO SOLENE

A nossa primeira sessão solene teve o objetivo de comemorar o dia do filósofo, homenagear pessoas que promovem a filosofia, e instituir o dia do filósofo e da filosofia no Acre.

Foram homenageados “in memoriam” os Professores José Mastrangelo e Raimundo Macedo, os Acadêmicos José Sales de Contreras e Ana Eunice Moreira Lima, e o Bispo Dom Giocondo Maria Grotti.

Receberam Diplomas de Honra ao Mérito, os Professores Francisco Assis Ferreira dos Santos, Guilherme da Silva Cunha, João Azevedo do Nascimento, Manoel Coracy Saboia Dias, Maria Ivanilda Souza da Silva, Nilo Zannini, e o Bispo Dom Joaquím Pertiñez Fernández.

A solenidade se deu em dois momentos: tendo início no dia 14 e término no dia 23 de agosto de 2010.


ALGUNS PRONUNCIAMENTOS:


Pronunciamento de Maria Lair em 14 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Boa noite a todos...
Cumprimento-os na pessoa do Glicério Gomes, Presidente da Academia Acreana de Filosofia.

Eu não poderia falar pela minha turma, nem para a minha turma, muito menos falar de Ana Eunice Moreira Lima, sem antes citar um fragmento do poema Bons Amigos, de Machado de Assis: “Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente!”

Éramos de uma recém iniciada turma do curso de filosofia da Faculdade SINAL. Mesmo de encontro recente já formávamos uma turma coesa, de muita afinidade. Durante as aulas na interlocução com os mestres, e nas atividades de campo como as reuniões de trabalho em grupo pude notar que alguém se destacava. Eu jamais poderia imaginar e aceitar que a passagem daquela pessoa pudesse ser tão rápida e sua permanência tão curta e marcante em nosso meio.

Lembrar hoje em dia, e especialmente nesse momento é ponderável acalentamento apenas por saber mesmo sem querer aceitar que temos poucas coisas boas e pessoas a serem lembradas.

Ana Eunice; filha, irmã, esposa, amiga, mãe... Vivia feliz ao lado do companheiro Tião e dos filhos Stênio e João, mesmo em uma sociedade que não tem como prioridade plena a vida humana. Ana (do hebraico: a cheia de graça ou a bem feitora) trabalhava, estudava e sonhava. Sonhava com um mundo melhor talvez. Talvez sonhasse com um mundo melhor para as outras pessoas.

Passou um tempo que é uma vida, a vida de Ana, despedida não se deu e a partida não se deu por inteiro. Notável foi sua presença. Notada e sentida é a sua ausência.

Ficaram belas recordações de bonitas ocasiões, e essas recordações ficam bem guardadas, e sempre bem lembradas nos atos afetos a vida acadêmica, nos relatos do cotidiano, e na simplicidade de colher uma rosa sabendo que outra rosa em breve nascerá.


Pronunciamento de Guilherme Cunha, fundador da Academia Acreana de Filosofia em 23 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.


UM BOM FRUTO AMAZÔNICO

A Amazônia pariu bons filhos, sua fauna e flora embelezam e encantam os que convivem no seu seio. Tudo é muito bonito, mas o que mais soma à beleza natural é a beleza das ações humanas que engrandecem o modo do Homem viver em sociedade.

No palco da beleza amazônica, especificamente no Estado do Amazonas, na ilha do Jacurutu, nasceu mais um fruto bom e belo, MARIA IVANILDA SOUZA DA SILVA, que aprendeu muito cedo a nadar nas águas caudalosas do majestoso Rio Solimões, comeu bastante peixe com farinha, como boa amazonense que é. Aprendeu a pescar com o velho Joaquim, homem de habilidade ímpar com o arpão na mão. Viveu na ilha do Jacurutu aproximadamente até seus 14 anos de idade. Logo depois, atraída pelo “boom” da Zona Franca de Manaus, veio viver e trabalhar no Parque Industrial de Manaus.

Cursou Filosofia na Universidade Federal do Amazonas, onde se destacou como excelente acadêmica, em seguida, veio morar em Sena Madureira, onde foi professora de Filosofia no Ensino Médio, desenvolveu vários projetos culturais pela Fundação Elias Mansour do Governo do Estado do Acre. Em 2003, inicia sua peregrinação pelo magistério superior, sendo professora de Filosofia da Universidade Federal do Acre, das faculdades Sinal, IESACRE e FERB. Em 2008, se efetiva como professora de Filosofia da Rede Estadual Pública de Educação e, em 2010, tornou-se professora de dedicação exclusiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – Campus Rio Branco. Portanto, MARIA IVANILDA SOUZA DA SILVA, fundadora da Academia Acreana de Filosofia, faz jus à esta homenagem.


Pronunciamento de Maria Peregrina fundadora da Academia Acreana de Filosofia em 14 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Senhor presidente!

Senhoras e senhores presentes!

Uma saudação especial aos meus pares Imortais da Academia Acreana de Filosofia.

Existe vasta e folclórica literatura relacionada a Guilherme de Orange, e a Guilherme Tell. Reportar-me-ei ao Guilherme original, ao que eu conheço, ao meu conterrâneo de Sena Madureira. O amigo, o intelectual, o poeta, o professor Guilherme da Silva Cunha. A trajetória do filósofo provocador, irreverente e hábil na arte de educar inclina o mundo a uma nova divisão de tempo a.G. d.G.

Em contato breve e recente com as Eneadas de Plotino, especialmente a primeira que trata do homem e da moral, li que alguns valores individuais se tornam sociais tornando-se leis em seguida, e que não existe lei sem uma ética que lhe sirva de cunha. Cunha é o sobrenome do professor Guilherme, e, me faz lembrar um instrumento que serve para rachar lenha, fender pedras, vedar fendas, ajustar encaixes, e, principalmente dar firmeza ao cabo da ferramenta.

O Professor Guilherme em suas aulas tem dado demonstrações de verdadeiro amor e compromisso com a filosofia. Um homem de posições firmes calçadas pelo vasto repertório e cardápio argumentativo. Muitas vezes contestado, porém, compreendido pela eloquência e pela simplicidade com que se expressa.
"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Essas palavras de Nietzsche podem claramente ser ajustadas e acopladas ao parágrafo brevemente acima para reforçar um argumento ou corrigir uma expressão.
Quem conhece o Professor Guilherme sabe que lhe é merecido o devido respeito. Seus feitos, sua contribuição e lealdade com a filosofia e com os amigos são impagáveis. Sabemos que essa homenagem é justa, porém, não mensura o valor do mestre. É apenas uma forma da Academia Acreana de Filosofia dizer muito obrigada.

Pronunciamento de Glicério Gomes, fundador e presidente da Academia Acreana de Filosofia em 14 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Boa noite senhoras e senhores...

Aos aqui presentes os meus sinceros agradecimentos...

Alguns costumam dizer que os seres humanos aqui na Terra só são realmente conhecidos quando têm o poder na mão. Enquanto eles não o têm, a própria vida controla seus impulsos e suas reações. Mas dê-lhes o poder e assim se poderá medir se a criatura realmente está madura ou não.

Esta foi uma das primeiras lições que aprendi com o meu velho pai. Outras grandes e importantes lições aprendi no transcurso da vida. E as últimas grandiosas e igualmente importantes lições aprendi com o professor Assis.

Muito me honra estar aqui, esta noite, na condição de presidente da Academia Acreana de Filosofia. E especialmente por me dirigir ao homem responsável pela implantação da primeira instituição de ensino superior em filosofia no Acre.

Aquela não era uma tarefa qualquer. É a missão de um homem que tem sonhos, um sonho especialmente. O professor Assis, ao longo dos anos vêm concretizando o ideal de formar pensadores, o ideal de organizar de maneira sistemática, pedagógica e didática e em sequência todas as etapas e procedimentos, indo da escolha do estado, da cidade, ao discurso na entrega do diploma.

Sinto-me muito mais orgulhoso em poder presidir a sessão que homenageia uma grande expressão do trabalhador dedicado à árdua função de educar.

Do riquíssimo Patrimônio Cultural do Brasil faz parte esse grande homem.

Prezados senhores e senhoras, o amor pela filosofia e a responsabilidade de formar cidadãos desconhece fronteiras. A prova do que digo está na pessoa do próprio professor Assis, ora homenageado.

Nascer e adolescer correndo atrás de calangos entre as bibocas e baiúcas na terra de José de Alencar, foi pra ele uma diversão. Esperar a chuva de “Padim Ciço” lhe causou inquietação, combustível para o precoce filósofo arribar dali. Rodando pelo vasto rincão tupiniquim encontrou o caminho do Aquiri onde presta inestimáveis serviços à comunidade acreana. Tendo nos breves anos passados implantado, e hoje dirigindo a Faculdade de Teologia e Filosofia Sinal, o professor Francisco Assis Ferreira dos Santos escreve o seu nome na história.


Pronunciamento de Francisco Lopes, fundador da Academia Acreana de Filosofia, em 14 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Inicialmente, saúdo a Mesa na pessoa do dileto amigo Glicério Gomes, Presidente da Academia Acreana de Filosofia.
Agradeço ao querido amigo Antonio Gomes, por com sua presença dar um brilho especial a esta Sessão.

Agradeço ainda a presença de todos que se esforçaram para aqui estar nesta noite. Acredito estar aqui a fina flor, o néctar do pensamento acreano. Creio estar o genoma cromossômico germinativo do pensador do terceiro milênio presente nesta Sessão Solene.

O que nesse momento se presta ao Professor Manoel Coracy Saboia Dias seria de nossa parte atitude mesquinha e presunçosa imaginar que um homem de tamanha envergadura intelectual e moral, que finca os pés nesta terra e embasa de forma marcante a história da filosofia no Acre, seja do tamanho de uma homenagem, por melhor que seja a intenção.

Os grandes homens vultos da humanidade evidentemente não precisam disso. A satisfação que sentem está no resultado das obras que, de alguma forma, ajudam a edificar, independentemente de terem seus nomes lembrados ou não.
Ao professor Coracy esta singela homenagem é extremamente secundária e está muito aquém do valor e da marca estampada de sua presença entre nós.

Todavia, é imprescindível esse registro na Academia Acreana de Filosofia - tantas manifestações aconteceram e tantas homenagens foram prestadas - e tinha de ser no dia do filósofo, e não poderia ser em outra circunstância.

Não cabe aqui relatar fatos e atos da trajetória do Mestre, mas, enaltecer a sua missão.

O encontro com a filosofia precede imediatamente a tomada de consciência. O ser passa a existir e se torna humano. E foi sob a batuta do mestre que muitos tomaram consciência de si, e sob a mesma brevemente o momento em que uma parcela da humanidade, pela primeira vez, terá acesso, de maneira racional e organizada, a informações que explicitam o funcionamento do espírito humano descortinando respostas concretas e pragmáticas para o tripé essencial da filosofia humana: de onde viemos, para onde vamos, o que estamos fazendo aqui.





Pronunciamento do Professor João Azevedo em 23 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Senho Presidente!

Senhoras e senhores presentes!

Nascido em Castelnovo Monti em 12 de novembro de 1934, iniciou sua vida escolar nas escolas elementares daquela cidade aos cinco anos de idade. Nos anos 1944 – 1945 teve suspensas suas atividades escolares por estar Castelnovo Monti, na condição de frente de batalha na segunda guerra mundial, tempos de fome miséria e morte. Nesse contexto conheceu a dor e a barbárie de ver sua Irmã de 17 anos, ser fuzilada dias depois do aniversário de sua mãe em 29 de junho de 1944. Terminada a guerra, Nilo Zannini participou (como toda criança naquela época) da reconstrução da cidade e voltou à escola.

Aos quatorze anos, 1947, no seminário maior da Diocese de Reggio Emília, ingressando no liceu clássico de Filosofia e Teologia, seminário maior, em 1953. Sete anos depois foi ungido sacerdote.
No mundo das artes nosso ilustre Nilo participou como figurante em diversos filmes dirigidos por Dino De Laurentis e no filme do autor Francês Fernadel, onde fez, entre outros, papel de Gladiador.

Sua vida como dirigente acadêmico iniciou em 1962, ao ser nomeado Reitor da igreja N.S. Im Coelim Assumpta de Succiso, chegando a Salvador, Brasil, em 18 de novembro de 1965.

Na Bahia, logo encontrou seu caminho acadêmico lecionado educação artística no ginásio da Fraternidade de Irecê. Por ironia do destino, ou vontade própria, aterrissou no dia 24 de abril em 1968 (em um DC3) em Rio Branco no Acre onde permanece até hoje. Durante 12 anos dirigiu a colônia Souza Araújo na intenção de humanizar e amenizar o isolamento e discriminação do povo Hanseniano.

As perseguições políticas não o impediram de lecionou durante 40 anos História, Português, Francês e Educação Artística nas escolas públicas do Estado do Acre. Mesmo aprovado em primeiro e segundo lugares nos concursos daquela época, foi impedido pela censura do regime militar de lecionar filosofia na Universidade Federal do Acre, por mais de trinta anos.

Depois de alguns anos, teve seu contrato autorizado, passando a atuar naquela instituição como professor substituto de Latim, Filologia Românica, Grego e Italiano, vindo a aposentar-se com varias publicações na gráfica da UFAC.

Mesmo depois da aposentadoria, nosso estimado, sábio mestre, não se deu ao luxo do descanso, como o grande articulador que sempre foi, conseguiu a voluntariedade de velhos amigos, o que possibilitou a efetiva fundação da Faculdade Diocesana São José, onde atua a mais de dez anos na tarefa de tornar o Acre um dos mais jovens espaços brasileiros na formação filosófica.

Nillo Zannini, nosso memorável mestre que não se cansa da tarefa de ensinar, neste momento solene a Academia Acreana de filosofia tem a hora de reconhecê-lo como pilastra central da formação acadêmica no campo da Filosofia deste Estado, zelando por sua imortalidade intelectual e eternizando o bom nome de sua família pelo transcurso da eternidade desta Academia. Receba com nosso carinho e apreço, essa singela homenagem como reconhecimento de seus relevantes serviços prestados à formação do pensamento filosófico acreano, com louvor e votos de que te conduzas oh grande Gladiador dos campos do saber filosófico, pela eternidade dos tempos.



Discurso do Professor Nilo Zannini, ao se tornar Imortal da Academia Acreana de Filosofia, em 23 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Boa noite!

Compartilho com todos, a felicidade e a alegria desse momento.

A amizade com a filosofia consolidou-se ao longo da existência com as peripécias da vida, por longos anos fomos calados, com medo, que o nosso raciocínio junto ao povo, se transformasse em ideias libertadoras. Por trinta anos a minha licenciatura em filosofia dedicou-se ao ensino de educação artística, mas nesta noite, quero compartilhar com Vossas Senhorias o prazer de rever as origens do “LOGUS” na antiga e sempre sofrida Civilização do parto Helênica Logus meio.

Depois homérico das duas grandes obras Ilíada e Odisséia, no Século VII aparece Hesíodo, o transformador da poesia épica para lírica, usando um raciocínio mais real que levasse o povo, na declamação dos versos à raciocinar.


HESÍODO

“Primeiro que tudo houve o Caos, e depois a Terra de peito ingente, suporte inabalável de tudo quanto existe, e Eros, o mais belo entre os deuses imortais, que amolece os membros e, no peito de todos os homens e deuses, domina o espírito e a vontade esclarecida.


Do Caos nasceu o erebro e a negra Noite, por sua vez, o Éter e o Dia.


A terra gerou o Céu constelado, com o seu tamanho, para que a cobrisse por todo e fosse para sempre a mansão segura dos deuses bem-aventurados. Gerou “ainda as altas Montanhas morada aprazível das deusas Ninfas que habitam os montes cercados de vales”.

Hesíodo em sua poesia, fala da vida agrícola, da vida real, transformando assim a poesia épica homérica numa poesia menos triunfalista e mais perto da realidade da vida.


Segundo Pausânia no vale das Musas da Beócia, se reconhecia como autênticas somente “Os trabalhos e os dias”. São os versos 582 a 596 desse poema que passamos a tradução:


VERÃO - Quando floresce o cardo e, na árvore a cigarra verte de sob as asas doce canto estrídulo, no tempo em que o verão é fatigante, mais gordas veem-se as cabras e melhor o vinho, mais sensuais as mulheres, débeis os varões: - Sírus lhes queima a fronte e os joelhos, e o calor lhes seca a pele. Oh, possa eu ter, nessa ocasião, a sombra de uma rocha, vinho bíblino, pão e leite de cabras que já desmamaram, e carne de novilha que pastou no bosque e ainda não deu cria, ou, caso falte, de cordeirinho do primeiro parto. E possa eu, para beber o vinho negro à sombra me estender, de coração feliz com o meu banquete, e, dando o rosto ao vento oeste, junto à fonte perpétua, viva e imperturbada, mesclar três partes de água e uma de vinho.


ARQUILOCO

COM A LANÇA - Com a lança eu alcanço meu pão de cevada; com a minha lança eu consigo o meu vinho ismárico na lança apoiado eu bebo este vinho.


SOMBRAS - Com um ramo de mirto e uma bela rosa ela brincava; e os cabelos lhe caíam pelos ombros e pelas costas, como sombras...


A GRANDE ARTE - Tenho uma grande arte: eu firo duramente aqueles que me ferem.


SAFFO

LUA CHEIA - As estrelas ao redor da bela lua, longe o brilho escondem quando, mais plena de fulgor, ela se entorna pela terra toda.


O VENTO - O Amor sacode meu coração, tal o vento caindo sobre os carvalhos das montanhas.

ALÍVIO - Chegaste, quanto, eu, amada, com ânsia te desejava, destes alívio à minha alma em chamas pelo desejo.


ESTRELA DA TARDE - Estrela da tarde, tu que reconduz quanto a aurora luminosa tinha perdido.


ROUXINOL - Rouxinol amável, doce voz, mensageiro da primavera.


ALCEU


ESPELHO - O Vinho é o espelho do homem.


O LOUCO - Um turbilhão rapiu-lhe completamente a mente.


MÁXIMA - Se falas o que queres ouvirás também o que não queres.

SIMONIDES

AOS QUE MORREM NAS TERMÓPILAS - Dos que morrem nas Termópilas ilustre foi a sina, bela a morte; seu jazigo é um altar onde as lembranças são as librações e os louvores o vinho derramado.


Sobre esta pedra não terá poder o musgo nem mesmo o tempo que domina tudo: na tumba dos heróis habita agora o resplendor da Grécia.


Atesta-o Leônidas, ó rei de Esparta; do qual bravura e glória eternamente brilham.


Mais uma vez muito obrigado por este momento, felicidade e vida longa a todos.




Pronunciamento de Francisco Lopes, fundador da Academia Acreana de Filosofia, em 23 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.


Senhor Presidente!

Senhoras e senhores, obrigado por vossas presenças.

Depois da performance do Professor Nilo, creio que o silêncio seja o melhor discurso.

Mas me pronunciarei a respeito do Doutor João Azevedo do Nascimento.

Me sinto honrado em pertencer a Academia Acreana de Filosofia, e compartilho com os demais acadêmicos o júbilo de ter o Dr. João como imortal.

O João é uma dessas pessoas que justifica a danosa presença e a demorada permanência do ser humano na terra. Por ser quem é e por agir como age, absolve a humanidade da demência, libertando-a do julgo nefasto-mitológico.

A atuação do João dentro da Academia Acreana de Filosofia nesse breve tempo tem demonstrado seu comprometimento com a causa coletiva, especificamente a causa do outro, na forma intransigente de defender a liberdade e no método prático de organização, porém, sem ocultar o lado humano o que nos leva a lembrar a reflexão de Antoaine Saint-Exupéry “Para que haja uma árvore florida, é preciso haver antes uma árvore; e, para haver um homem feliz, é preciso haver em primeiro lugar um homem”.

Tenho observado a forma dedicada do João Azevedo exercer seu ofício de professor, a seriedade com que aborda os assuntos correlatos ao cotidiano e ao ambiente em que vive.


Impressiona a forma solidária como trata os amigos e impressiona infinitamente mais a forma como é tratado pelos amigos. É também impressionante a liderança exercida, a segurança e a confiança transmitidas.


“Se ao escalar uma montanha na direção de uma estrela, o viajante se deixa absorver demasiado pelos problemas da escalada, arrisca-se a esquecer qual é a estrela que o guia”. Se nessa segunda reflexão de Saint-Exupéry o professor João fosse a estrela-guia, talvez ela brilhasse mais forte ou desse uma piscadela para reconduzir o viajante a direção certa.




Pronunciamento do Professor João Azevedo em 23 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.


Agradeço imensamente ao Criador por nos permitir esse momento.

Nascido no dia 22 de setembro de 1952 na cidade de Monachil, Granada na Espanha, esse ilustre bispo da Diocese de Rio Branco, mostrou desde muito cedo ter talento para ser um homem das letras. Formado na Escola Normal de Granada, conseguiu seu primeiro Titulo de Maestro de Primeira enseñanza, depois de sua emissão na carreira sacerdotal em 11 de agosto de 1974. Foi durante onze anos vice-prefeito e depois prefeito no Seminário São José, de sua ordem, em Ladosa. No final dos anos oitenta veio para Lábrea, Amazonas, onde atuou como vice-pároco e fundou o “Centro Esperança.” que ajudava crianças carentes.


Após dez anos de trabalho pastoral em Lábrea foi convidado no dia 30 de março de 1998 a exercer o cargo de Delegado Provincial para a América Central, com sede em Cartago, Costa Rica. De volta ao Brasil foi ordenado Bispo da Diocese de Rio Branco em 30 de maio de 1999.

Na Qualidade de Sacerdote maior da Diocese de Rio Branco, uma de suas primeiras ações foi criar a Faculdade Diocesana São José-FADISI, na qual implantou o primeiro curso de Filosofia do Estado do Acre. Com esta atitude nosso iluminado Bispo, deu à comunidade acreana a oportunidade de ter em seu seio, a primeira instituição de ensino voltada à formação de formadores de opinião.


Dado ao fato de que no momento de sua chegada ao Acre o curso de Filosofia estava, sob o censura do regime militar, a mais de trinta anos impedido de ser ministrado em escolas públicas ou particulares deste País, fazia-se presente a necessidade de um curso de tal envergadura em qualquer Estado brasileiro naqueles dias. A feliz ideia de criar a FADISI com um curso de tal envergadura veio possibilitar aos acreanos provar que, no Acre há uma escola direcionada a arte do bem pensar e, consequentemente, hoje o Estado do Acre é, também, um estado de “pensadores”.

Nesses poucos anos de existência da Faculdade Diocesana São Jose, escola idealizada por esse celebre Bispo, a FADISI já formou, entre seus cursos de graduação e pós-graduação mais de setenta pessoas, provando a carência do referido curso e a vontade dos membros da comunidade acreana em inserir-se definitivamente no mundo filosófico-intelectual.

Diante do exposto, muito nos honra dizer ao nosso Bispo Don Joaquím Pertiñez Fernández, o quanto estimamos tê-lo conosco, seja na qualidade de Bispo seja na qualidade de intelectual e mestre formador dos futuros pilares desta sociedade.

Memorável Don Joaquím, neste momento solene, a Academia Acreana de Filosofia faz questão de reconhecer sua importância no universo filosófico- acadêmico do Acre fazendo-lhe esta singela homenagem, ao mesmo tempo em que se compromete, com a ajuda de Deus e dos homens, a torná-lo tão imortal quanto eterno for a existência desta academia.

Dizemos ainda, com este pequeno gesto, esta academia passa a ser tão sua quanto o senhor é o emérito fundador da FADISI, pois sem o primeiro curso de Filosofia do Acre, não teria sido possível a existência da Academia Acreana de Filosofia. Assim, damos ciência à comunidade acreana que, de maneira indireta, o Senhor também é fundador desta academia. Ditas as verdades necessárias, rogamos a Deus que continue iluminando seus caminhos na missão de dirigente religioso e formador acadêmico de nosso Estado e, consequentemente, do Brasil por muitos e muitos anos, Amém.





Discurso do Bispo Dom Joaquim ao se tornar Imortal da Academia Acreana de Filosofia, em 23 de agosto de 2010 por ocasião da Sessão Solene alusiva ao dia do filósofo.

Boa noite e obrigado a todos.

Me sinto feliz, lisonjeado e agradecido.

Também surpreso pelo surgimento da Academia Acreana de Filosofia. Acredito e torço para que daqui surja um ou mais nomes de expressão mundial.

A RAZÃO À PROCURA DA FÉ

“Não procures fora! Volta-te para ti mesmo! No interior do homem é que habita a verdade. E se achares que também a tua própria natureza é mutável, então transcende-te a ti mesmo” (De vera rei. Cap. 39, nº 72).

Segundo a mentalidade agostiniana, filosofia e teologia andam sempre juntas, e assim se compreende porque interessam à filosofia as obras teológicas e religiosas de Santo Agostinho e vice-versa.


Santo Agostinho após seu batismo aos trinta e três anos de idade, desistiu de seu cargo de professor de retórica em Milão, e voltou a Tagaste na África, onde fundou uma comunidade monástica, disposto a fundamentar racionalmente a fé.

Uma vez batizado, e depois de sua experiência com Cristo, uma luz inundou seu coração, e sua alma encontrou a paz. Até esse momento tinha sido “O homem do coração inquieto”.

Seu anseio por encontrar a verdade absoluta, o levou a mostrar que, sem a fé, a razão não é capaz de levar à felicidade. A razão, para Agostinho, serve de auxílio à fé, esclarecendo e tornando inteligível aquilo que intuímos. Ele tinha tomado contato com o pensamento neoplatônico onde a natureza humana contém parte da essência divina. E demonstrou a partir daí, que há limites para a racionalidade. Por isso, os filósofos devem entender que para compreender a filosofia de Santo Agostinho hão de levar-se em conta os conceitos agostinianos de fé e razão e o modo de como ele se serve deles.


Com efeito, não pode considerar-se Agostinho de Hipona um filósofo, se por tal se entende o pensador que se situa no âmbito exclusivamente racional, pois, como homem de fé que ele é, apela sempre à fé.

Santo Agostinho não se preocupa em traçar fronteiras entre a fé e a razão. Para ele, o processo do conhecimento é o seguinte: a razão ajuda o homem a alcançar a fé; de seguida a fé orienta e ilumina a razão; e esta, por sua vez contribui para esclarecer os conteúdos da fé.

Deste modo, não traça fronteiras entre os conteúdos da revelação cristã e as verdades acessíveis ao pensamento racional. Para Santo Agostinho, “o homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre”.

Ele distingue, na alma, dois aspectos: a razão inferior e razão superior. A razão inferior tem por objetivo o conhecimento da realidade sensível e mutável: é a ciência, o conhecimento que permite cobrir as nossas necessidades. A razão superior tem por objeto a sabedoria, o conhecimento das ideias, do inteligível, para se elevar até Deus. Nesta razão superior dá-se a iluminação de Deus.

A Cidade de Deus, que possivelmente seja uma das mais estudadas na filosofia, teve uma grande influência na sociedade e no mundo da Idade Média e, ainda hoje, não perdeu sua atualidade, no nosso mundo moderno.

Santo Agostinho, nessa sua obra tão ponderada, adota a postura de um filósofo da história universal em busca de um sentido unitário e profundo da história.

A sua atitude é, sobretudo, moral: há dois tipos de homens, os que se amam a sí mesmos até o desprezo de Deus (estes são a cidade terrena) e os que amam a Deus até ao desprezo de si mesmos (esses são a cidade de Deus).

A cidade da terra poderá talvez construir-se sobre uma determinada ordem humana, poderá ostentar uma majestosa organização, levar a cabo muitas realizações, mas se por essência se confina nos bens desta terra e já os goza, em vez de unicamente servir-se deles, para um fim ulterior mais alto, superior à concupiscência humana, para um fim que é Deus, então é só desta terra e, no fundo, é pura desordem e o seu valor é na verdade apenas aparente.

A Cidade de Deus ao contrário, consta de homens adaptados à eterna ordem de Deus. Eles não se entregam às coisas externas, para gozar delas ou de si mesmos, mas vivem em Deus e de Deus, uma ordem ideal, que dá ao mundo e ao homem a paz e o descanso sabático de Deus.

Por isso, Santo Agostinho, chegado ao fim de sua vida, começa sua grande obra “As Confissões”, com a seguinte afirmação e anseio, que defino toda a sua vida filosófica e teológica: “És grande, Senhor, e incomensurável tua sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação quer louvar-te, e precisamente o homem que, revestido de sua mortalidade, traz em si o testemunho do passado e a prova de que resistes aos soberbos. Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo o incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”.


Meus sinceros agradecimentos.