terça-feira, 8 de dezembro de 2009

“Homo homini venatu”

Opostos: Framenguistas X Flamenguistas
Por Zé da Cuia

Enquanto no primeiro domingo deste dezembro os framenguistas se divertiam matando uns aos outros, saqueando lojas e supermercados, e quebrando tudo que viam pela frente. Os flamenguista planejavam a venda dos jogadores a preços superfaturados pela conquista duvidosa do campeonato tupiniquim de futebol.

Vimos durante o certame inteiro os meios de comunicação convidando o povo a torcer por seus times de futebol. Presenciamos os mesmos meios de comunicação promovendo situações que aguçam a rivalidade entre as torcidas adversárias, para ao término do campeonato chamarem de selvageria o que aconteceu nas cidades de Curitiba e Rio de Janeiro.

Chamar de selvageria o que os framenguistas fizeram, é por em dúvida o nível intelectual dos “cara pálida”. Sabemos que na selva não acontece aquele tipo de massacre.

A barbárie promovida pelos framenguistas mostra o homem próximo do estado de natureza. Mas os primeiros hominídeos os Australopithecus matavam apenas para comer. Diferentemente dos Ardipithecus framengus que comumente habitam os presídios brasileiros, ainda hoje roubam e matam tão somente por diversão. Essa parece ser a conexão entre o Australopithecus e o Ardipithecus framengus como duas espécies diferentes. A diferença mais importante entre essas duas figuras da história do homem é a presença da razão no Australopithecus que biologicamente conseguiu evoluir.

A origem da guerra entre as torcidas e a guerra interna de uma torcida é a rivalidade insana do futebol. O chamado "povão" a parte menos racional da sociedade se envolve mais com futebol que com questões ligadas à evolução, desenvolvimento, progresso ou à família, por exemplo. O que fazer para estancar essa violência irracional? Uma partida de futebol é só uma partida de futebol. Infelizmente a "paixão" pelo esporte acaba acobertando verdadeiras escolas do crime.

Diz o filósofo inglês: “Homo homini lupus” (o homem é o lobo para outro homem). O que domina é a força bruta, o dinheiro, a fraude, a mentira, a calúnia, a devassidão e por aí em frente. A situação é momentosa e revela uma intrínseca crise de valores por que passa a massa contemporânea. A violência vai, gradativamente, consolidando-se como uma linguagem universal entre os jovens. Os meios de comunicação servem de instrumento para a articulação de encontros entre "gangues" de torcidas, que usam o futebol para canalizar suas energias, deflagrando cenas de revolta e brutalidade.

O vazio cultural também encontra ressonância nos jogadores profissionais de todo planeta, cujos hábitos e valores já não servem de exemplo como outrora. Ao valorizar a posse de bens materiais, a sociedade de consumo ajuda a pintar um quadro, no qual futebol, comércio e violência formam cada vez mais, partes de um todo de difícil separação.

A evolução precisa continuar, é preciso enfrentar o problema com pragmatismo, requerendo a intervenção direta do Estado e a mobilização social. Faz-se necessária uma revolução ética e moral nos procedimentos. Torna-se imprescindível um surto de honestidade nos dirigentes dos clubes e nos dirigentes dos organismos que controlam o futebol. Torna-se indispensável um surto de decência nos controladores da arbitragem e da imprensa. É preciso aplicar medidas políticas, jurídicas e administrativas que sejam viáveis para transpor essa triste página do esporte nacional.

Também não adianta implantar o Estatuto de Defesa do Torcedor (em vigência desde 2003) se o torcedor não tem educação. O Estatuto é falho, necessita de reforma, no sentido de criminalizar ações de vandalismo praticadas por falsos torcedores. Há torcidas organizadas funcionando como verdadeiras associações, com sede própria, estatuto, CNPJ e corpo diretivo. À primeira vista, nada de errado, pois são grupos legítimos com os quais o Estado deve dialogar. Entretanto, há casos em que dirigentes de times criam laços promíscuos, permitindo a franquia do ingresso pelas facções das torcidas organizadas, estabelecendo-se uma relação tipicamente comensal.

Dizem que o Brasil ta pronto pra organizar a Copa de 14, o Brasil precisa agir rápido. Há que promover a especialização de efetivos da polícia para atuar diretamente em ocorrências relacionadas a eventos esportivos. O Estado deve investir em recursos humanos e tecnológicos, como a implantação de um banco de dados informatizado, que reúna elementos úteis para uma ação de inteligência integrada por parte da polícia, Ministério Público e Poder Judiciário.

O combate à violência no futebol brasileiro só será eficaz quando o tema for inserido, de fato, no contexto macro da realidade nacional. Não adianta partir para a radicalização, pedindo a eliminação das torcidas organizadas. Isto atenta contra a democracia, já que representaria o fechamento de um espaço de convivência plural, que agrega cidadãos de diversas classes sociais.

Medidas enérgicas fazem-se prementes para frear o quadro tirânico e opressor reinante em nosso futebol. Ao mesmo tempo o Estado tem que se fazer presente na periferia, com campanhas sócio-educativas de inclusão social através do esporte lúdico, não somente fomentando a imprensa sensacionalista grande motivadora da violência no esporte.

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